Mostrando postagens com marcador Maçom. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Maçom. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Manuscrito de Halliwel - Parte 2

Esta é a continuação do artigo sobre Manuscrito de Halliwel - Parte 1 . Boa leitura.

Muitos documentos maçônicos apresentam traduções equivocadas provocando assim alterações profundas no sentido original do texto. Vamos examinar alguns termos e expressões, alguns temos importantes que vão nos ajudar a entender melhor o sentido do Manuscrito de Halliwel, um manual de civilidade dos maçons operativos.

FREEMASON

Tradicionalmente na Inglaterra somos chamado de freemasons, na França somos os Franc-maçons, e no Brasil já fomos os Pedreiros-livres (em desuso) numa tradução literal do inglês, e atualmente somos conhecidos como os Maçons, um estrangeirismo incorporado ao vernáculo. A palavra inglesa mason e a palavra francesa maçon tem nos dicionários o mesmo significado, o de profissional de trabalho de pedra.

A polêmica está no prefixo Free na lingua inglesa, e o Franc próprio do francês, acrescidos ainda do termo Accepted, tão polêmico quanto, muito usado, na expressão Free and Accepted Masons, bastante comum no âmbito das lojas nos Estados Unidos da América. Veja o site da Grande Loja de Nova York e observe - nymasons.org . Aproveite e veja também o belíssimo site da Grande Loja Unida da Inglaterra

Os dois prefixos citados, free e franc, tem no idioma inglês significados diversos que correspondem com os das palavras "livre" e "franco" em português respectivamente. Por sua vez o termo "franc" que existe tanto em inglês como em francês, correspondem ao "franco" em português e tem como sentido principal o de patronímico  ligado a França ou ao Território dos Francos. Em significado secundário querem dizer também "livre, solto, aberto, etc" sem nenhuma conotação com a liberdade da pessoa humana, que é o sentido do vocábulo inglês "free".

Nas expressões  free-mason, franc-maçon e "pedreiro-livre" o sentido é o de profissionais-da-pedra livres, e não profissionais da pedra livre como querem alguns autores. Interpretam estes que "free-mason" seria originário da contração da expressão inicial free stone-mason com a elipse da palavra stone pelo uso e pelo tempo.

A palavra Freestone é evidentemente a contração de free of split stone (pedra sem rachas, pedra que não racha), conforme os dicionários ingleses, nada tendo a ver com "pedra franca". A freestone é uma pedra própria para suportar as enormes pressões dos pesos das estruturas das catedrais e dos castelos góticos. Pedras friáveis, ou que rachassem, não seriam apropriadas para essas enormes construções, provavelmente por isso uma recomendação especial aos fellowcraft para terem o cuidado de que as fundações não rachassem conforme consta no "Poema Régio"

Vemos portanto que a expressão "freestone-mason" não se tornou "free-mason" porque todo um processo linguístico deveria ter acontecido para que assim sucedesse, o que não aconteceu. A palavra mason é bastante usada na cópia de 1390 do Poema Régio, mas a expressão freestone-mason não é citada, portanto caso a expressão freestone-mason estivesse sendo usada na época certamente apareceria no Poema Régio, um documento elaborado com esmero e na forma poética destinado exclusivamente a Maçons.

Há outras explicações para o surgimento do termo freemason. As construções de catedrais empregavam muitos operários, centenas, num processo de aprendizado longo que durava sete anos, onde aprendiam necessariamente a aritmética e a geometria, além de provavelmente rudimentos das outras cinco artes liberais, totalizando sete Artes Liberais. Estas Artes Liberais são divididas em dois grupos o Trivium e o Quadrivium. Tradicionalmente, as sete Artes Liberais englobam, desde a Idade Média, dois grupos de disciplinas: de um lado, o Trivium e do outro, o Quadrivium. O trivium concentra o estudo do texto literário por meio de três ferramentas de linguagem pertinentes à mente. O quadrivium engloba o ensino do método científico por meio de quatro ferramentas relacionadas à matéria e à quantidade. Esse grupo de disciplinas incluía a lógica (ou dialéctica), a gramática e a retórica. As artes do trivium teriam como objetivo prover disciplina à mente, para que esta encontre expressão na linguagem, especialmente no que se refere ao estudo da matéria e do espírito. De acordo com definições clássicas, a matéria teria como característica essencial o número e a extensão, temas analisados respectivamente pela aritmética e pela música, bem como pela geometria e astronomia (ou astrologia clássica). Segundo esta mesma definição, o espírito teria como caractere essencial o número.

O quadrivium, etimologicamente o cruzamento de quatro ramos ou caminhos está voltado para o estudo da matéria, por meio do domínio das seguintes disciplinas: aritmética (a teoria do número); em música (a aplicação da teoria do número), em geometria (a teoria do espaço) e em astronomia (a aplicação da teoria do espaço).

No âmbito do quadrivium, a música é entendida como o estudo dos princípios musicais, tais como harmonia, não podendo ser confundida com a música instrumental aplicada (uma das sete belas-artes). O objetivo destas artes ditas "da quantidade" era prover meios e métodos para o estudo da matéria, sujeitos a aprimoramento no âmbito das disciplinas ditas superiores.

Era compromisso e obrigação do mestre lhes ensinar isto conforme diz o Manuscrito Régio.

Assim formadas por pessoas cultas e hábeis as guildas de Maçons se tornaram logo muito poderosas e mantinham contato direto com os poderosos do momento através de seus mestres. Podemos supor então que ele obtiveram muitos provilégios. Como eram itinerantes em razão do proprio ofício é lógico supormos que conseguissem a liberdade de se filiarem à guilda da cidade onde trabalhassem. Por isto eram free para se filiar. O free de freemason deve significar, pela lógica, algo relativo a liberdade individual dos operativos, e os documentos parecem indicar isto.

O freemason parece mais, para a época um vocábulo em formação, o mais comum era a utilização do termo Mason, simplesmente, é assim que ele é encontrado em todo o Manuscrito Régio, e em outros documentos ele é usado em ocasiões formais como no Livro das Constituições de Anderson, o termo é citado no título da página de rosto e no cabeçalho do título Charges of a Free-Mason, e por Desaguiliers uma vez em sua Dedication.

Fim da parte 2, em breve a parte 3, aguarde.

Fonte: "O Manuscrito Régio e  o Livro das Constituições - Ambrósio Peters - Editora Maçônica "A Trolha" - 1997 - 1ª edição.

sábado, 5 de março de 2011

Freemasons Hall - Vídeo

Freemasons Hall. Espetacular edifício Art Deco, no coração de Londres.
 


 Aproveite para desfrutar de um passeio virtual pela sede da maçônaria Inglesa.





Freemason Hall - vista panorãmica

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rito e Ritual não são a mesma coisa!

Recentemente li um livro muito bom que explica de forma clara a diferença entre Rito e Ritual. Na Inglaterra não existe Rito, apenas Ritual, que, simplificando, é uma forma de trabalho. O autor foi em fontes fidedignas para fundamentar seu trabalho que se tornou um livro recomendadíssimo para os interessados no tema, no caso os maçons.
Este é um assunto polêmico na ordem maçônica porque a multiplicidade de formas de trabalho, que alguns consideram como simplesmente Rito e outros como Ritual, ao mesmo tempo que enriquece dificulta a assimilação do funcionamento da ordem, uma vez que Rito e Ritual são coisas totalmente diferentes mas que podem ser confundidas e geralmente o são.
Uma câmara dos deputados ou um senado federal tem sua forma de trabalho, seu Ritual para funcionar adequadamente, assim, acho que com esta explicação torno claro sucintamente o que seja Ritual. Uma coisa é certa e eu aprendi isso lendo o livro: Rito e Ritual não são a mesma coisa!
Abaixo transcrevo parte do capítulo do livro. Com a palavra o autor, meu respeitável irmão, Fábio.

2.1 O que é Rito?

O vocábulo "Rito" como um substantivo masculino, é derivado do latim - ritus. Designa o cerimonial próprio de um culto, determinado pela autoridade competente; seu significadoclássico é: "Uma prática, um costume aprovado, ou conjunto de normas e práticas que se faz com regularidade" (Ir. Sergio Cavalcante - "Rito York"). Rito vem a ser uma colâtena de Rituais, onde, por exemplo, o Rito de York ( De origem Americana e que em nada tem a ver com o Ritual Emulação, de origem puramente Inglesa) é constituído por quatro corpos devidamente distintos uns dos outros, mas de forma hierárquica, a saber: Graus Sombólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e Ordens de Cavalaria.

Da mesma forma, a título de exemplo, no R.E.A.A. - Rito Escocês Antigo e Aceito, onde se tem os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) e mais 30 graus acima, numa hierarquia prórpria do Rito. Mas o R.E.A.A. não para por aí, ele tem uma estrutura tão enraizada na Maçonaria Brasileira, que até administrativamente acaba interferindo nos demais ritos e rituais - sistemas de trabalho -, criando vícios que os descaracterizam (Ex: Exigência de "Orador" na Ata de Votação, para os Trabalhos de Emulação).

No Ritual Emulação isso não existe. Ou seja, há apenas os Rituais dos gruas simbólicos, e as Ordens Superiores são ordens totalmente independentes, e não há obrigação de iniciar esta evolução. Depois do grau de Mestre o Irmão escolhe como vai se aperfeiçoar.

São 17 "corpos" - ou capítulos -, por assim dizer, e no Brasil ainda temos somente 5. Mas não há hierarquia. Existem duas escadas o Irmão escolhe por qual começar subir. Ou faz primeiro o "Arco Real" ou o "Mestre da Marca" .

Tais "corpos", tanto são independentes de Rito que são abertos a qualquer outro de um Rito qualquer, desde que já tenha sido Elevado (=Exaltado, no R.E.A.A.) a Mestre.

Então, apesar de erroneamente a maioria das Lojas e suas respectivas Potências chamarem nossos trabalhos de "Rito de York" hoje sabemos que não é, mas sim sistema de Trabalho Maçônico, chamado Ritual Emulação.

2.2 O que é Ritual?
Ritual, como um adjetivo, derivado do latim (ritualis), designa o que é relativo a Ritos. Como substantivo masculino, designa o livro que contém a ordem e a forma de uma determinada Cerimônia, e das dramatizações e representações ritualísticas, ou seja, é um conjunto de regras e/ou normas estabelecidas para a liturgia das cerimônias maçônicas.

Sempre existiram os Rituais, inicialmente através das tradições e de forma oral, posteriormente, com o passar dos anos por escrito, mas isto não tirou a tradição inglesa de nas reuniões da Loja praticar o Ritual de forma decorada. Pode-se concluir claramente que Ritual é totalmente de Rito.

Fonte: Livro "Ritual Emulação - A Maçonaria Inglesa no Brasil - Paginas 44,45 e 46 - Fábio Mendes Paulino - Clube de Autores - 1ª edição - 2010. Site: http://www.ritualemulacao.com/
Para adquirir o livro por favor acesse o site acima citado.